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Indicações de Leitura – Os condenados da terra e Pedagogia do oprimido 

Os condenados da terra

Frantz Fanon questiona, nessa obra, o colonialismo europeu. Embora estivesse falando mais especificamente sobre a situação da França e suas colônias em meados do século XX, veja o que Sartre, no prefácio do livro, afirma sobre a relação entre o colonizador e o colonizado. Será que os pobres, em nossa sociedade, não passam pela mesma “domesticação”?

“Quando domesticamos um membro de nossa espécie, diminuímos o seu rendimento e, por pouco que lhe damos, um homem reduzido à condição de animal doméstico acaba por custar mais do que produz. Por esse motivo os colonos veem-se obrigados a parar a domesticação no meio do caminho: o resultado, nem homem nem animal, é o indígena. Derrotado, subalimentado, doente, amedrontado, mas só até certo ponto, tem ele, seja amarelo, negro ou branco, sempre os mesmos traços de caráter: é um preguiçoso, sonso e ladrão, que vive de nada e só reconhece a força”. (SARTRE, 1968, p. 10)

Frantz Fanon, psiquiatra e ensaísta de origem
franco-africana. Fotografia de Pacha Willka (2012).


Pedagogia do oprimido

Paulo Freire, educador brasileiro. 
Fotografia de Slobodan Dimitrov (1977).

Nesse livro, Paulo Freire trata de uma pedagogia própria dos oprimidos como resistência à opressão – uma resistência ao roubo de sua humanidade.

Seu projeto, no livro, foi: “apresentar alguns aspectos do que nos parece constituir o que viemos chamando de Pedagogia do Oprimido: aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade. Pedagogia que faça da opressão e de suas causas objeto de reflexão dos oprimidos, de que resultará o seu engajamento necessário na luta por sua libertação, em que esta pedagogia se fará e refará”. (FREIRE, 1987, p. 17)

Freire chama atenção para o fato de que a condição de opressão e de desumanização não é natural e necessária, e sim algo que pode e deve ser combatido:

“A desumanização, que não se verifica, apenas, nos que tem sua humanidade roubada, mas também, ainda que de forma diferente, nos que a roubam, é distorção da vocação do ser mais. É distorção possível na história, mas não vocação histórica. Na verdade, se admitíssemos que é vocação histórica dos homens, nada mais teríamos que fazer, a não ser adotar uma atitude cínica ou de total desespero. A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como 'seres para si', não teria significação. Esta somente é possível porque a desumanização, mesmo que um fato concreto na história, não é, porém, destino dado, mas resultado de uma 'ordem' injusta que gera a violência dos opressores e esta, o ser menos”. (FREIRE, 1987, p. 16)